segunda-feira, 24 de maio de 2010
Recife Frio
Recife Frio é uma obra que carrega profunda critica social, acompanhada de um certo charme irônico e reflexivo. O curta-metragem já circulou em diversos festivais no Brasil e traz como detonador a drástica mudança climática da cidade nordestina.
Misteriosamente após a queda de um meteorito, um repórter estrangeiro começa a averiguar o fato da cidade de clima tradicionalmente quente e tropical, transformar-se num local extremamente frio. Inicia-se então um trabalho de investigação, que mostra o caos do pouco movimento nas ruas, o abalo na economia e a mudança do comportamento das pessoas.
A obra almeja um olhar analítico de seu expectador, que é retratada numa sociedade consumista, estereotipada e indiferente. O fato de uma reportagem estrangeira publicar sua matéria leva a leitura de um problema eloqüente a todos do local. A simbologia trazida pelo frio é radical no aspecto cultural, onde os indivíduos que cada vez mais isolados, transitam dentro de locais fechados e crianças brincam dentro de bolhas aquáticas. Os moldes arquitetônicos, o preconceito e a mudança criativa do comercio informal, funcionam como exemplos desse “falso documentário” que traz consigo uma bela narrativa, dirigida por Kleber Mendonça Filho.
Recife Frio é uma trama que atinge a todas as camadas sociais, geradas a partir de um signo de núcleos dramáticos que mexem com o pensamento moderno e caótico do ser humano.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
As maravilhas do Tim Burton
Agradável e bonito. Frio e ostensivo. Distante e sem forma. O velho Tim (Burton) errou dessa vez. Mas não vou culpá-lo por tudo aos avessos. Tem muita coisa fedida por ai, no pais das maravilhas.
O espetáculo estético, meramente estético, é produzido pela Walt Disney. O diretor é bom, mas sua direção não. Aqui não vale rasgar seda e não existe matéria paga. Não sou um exemplo de pessoa ligada ao cinema, mas aqui não e, a verdade dói e se não doesse jamais seria verdade.
O casamento perfeito, a direção artística e a fotográfica terminaram o romance dessa vez. Por um lado um belo desfile e por outro um refletor apagado. A imagem é suja e ineficiente. Aliás, o próprio mundo subterrâneo, sendo como tal não teria nem luz e isso se releva. Mas o mais engraçado é que ao passo que temos grandes difusões com o céu completamente limpo, temos ilusões, isso mesmo, ilusões como a de Alice, dessas que deixam qualquer acido ligérsico sob a sola do pé e não debaixo da língua.
E por falar em língua me lembrei da linguagem. Alguém conseguiu enxergá-la? E falando dela, me recordei da narrativa. Narrativa? Onde está o cinema? A tecnologia muitas vezes torna a obra banal, acrescenta altas doses de massa física e ao mesmo modo, retira toda a narrativa. A adaptação tinha tudo para ser perfeita. O roteiro mescla idéias do velho Tim com a estória original e até ai tudo bem. Não sei se as crianças vão adorar o filme. Talvez, quem sabe um dia. Tão inocentes.
Uma certa feita alguém me falou que a vida era feita de viagens, o que de fato justifica toda essa viagem corriqueira e enlouquecida ao extremo do óbvio. Mas tive também minhas alegrias, dei um pouco de risada. Ora elas eram reais, ora viajadas que nem o chapeleiro maluco, interpretado pelo Deep, que também está longe da performance já observada.
Mas e a Alice, cadê ela? Tomou doril. A dona da lua, a insana garota de 19 anos não fez por merecer e atuou como se atuam na maioria das publicidades institucionais, sem brilho e sem sorte. O espetáculo visual é ligeiramente sincero e perspicaz, porem infinitamente mecânico.
A obra é fruto de sucesso graças ao departamento de marketing, a tecnologia 3D e a boa distribuição. Jamais por sua narrativa. Como não paguei o cinema, me dei por satisfeito. As opiniões sobre o longa se divergem e o meu recado está dado. Sou um pobre mortal, ao contrario da Alice literária e do imaginário popular. Ela é ótima para estudantes de moda, estilistas, futuros diretores de arte e cenógrafos, mas pra quem gosta de cinema, nunca. Meu amigo Burton, da próxima vez, retorne com aquele besouro-suco de existe dentro de você.
domingo, 9 de maio de 2010
Iron Man II - E a saga continua!
Eu não costumo ler criticas nos jornais, mas antes de assistir o Homem de Ferro em sua segunda edição, observei na mídia eletrônica que os comentários estavam agressivamente divididos, coisa que não se vê muito por ai. Muitos comentavam na pele de fã e outros na pele de lobos, saciados por um negativismo latente e incompreensível, julgando que o longa era apenas algo para ver e se divertir. Mas cá pra gente: queremos quer ver um filme de super herói primeiramente pra se divertir, não acha?
Entrando no universo Tony Stark, interpretado mais uma vez por Bob Downey Jr (forma carinhosa de chamar o Robert) ele está simplesmente numa performance inigualável, irônico e divertido, as vezes muito piadista para tapar alguns buracos no roteiro.
E o tal do roteiro é básico, bem resolvido e bem acabado. É uma pena que a continuação não foi suficiente para acompanhar o primeiro sucesso. Percebe-se pequenas falhas na narrativa, o que o torna chato em pequenos trechos.
A arte é excelente, com aquela típica luz redondinha e cheia de “perfumaria”, com o cenário urbano e seco. Geralmente não se esperam mais do que o óbvio em fotografia no gênero. Matthew Libatique, junto com a direção artística deram conta da imagem que o diretor imaginou, creio.
Jon Favreau, que foi também do diretor do primeiro sucesso nos garantiu um ótimo trabalho, cortando excessos e optando por trabalhar com uma montagem mais centrada, com repiques na medida e fiel no contexto histórico do protagonista. Destaco três estupendas cenas de ação de tirar o fôlego. A trilha formidável fica a encardo hits de sucesso das bandas AC/DC, Suicidal Tendences e Queen. Os efeitos sonoros são explosivos e trabalhados até a exaustão. Sobre os efeitos visuais, confesso que me decepcionei um pouco com as programações e esperava gráficos mais complexos, não apenas um visual que me lembrou os jogos do XBOX.
Homem de Ferro 2 é a primeira obra realizada pela Marvel Enterprises depois de comprados pela Walt Disney e agradeceríamos muito se o Mickey não interferisse na próxima seqüência, a dos Vingadores.
Sublime e na medida certa, Bob Downey Jr está criando seu legado, encenando o playboy Stark com maestria de veterano que é, mostrando que veio definitivamente para o papel apos driblar o vicio em heroína e tornar-se um herói. O filme traz uma carga profunda de critica a politicagem moderna mundial, mas cabe a cada um de nós interpretá-lo a sua maneira. Um ótimo programa de cinema e divertido do jeito que tem que ser, me desculpem os eternos negativistas. Recomendo.
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