quarta-feira, 12 de maio de 2010
As maravilhas do Tim Burton
Agradável e bonito. Frio e ostensivo. Distante e sem forma. O velho Tim (Burton) errou dessa vez. Mas não vou culpá-lo por tudo aos avessos. Tem muita coisa fedida por ai, no pais das maravilhas.
O espetáculo estético, meramente estético, é produzido pela Walt Disney. O diretor é bom, mas sua direção não. Aqui não vale rasgar seda e não existe matéria paga. Não sou um exemplo de pessoa ligada ao cinema, mas aqui não e, a verdade dói e se não doesse jamais seria verdade.
O casamento perfeito, a direção artística e a fotográfica terminaram o romance dessa vez. Por um lado um belo desfile e por outro um refletor apagado. A imagem é suja e ineficiente. Aliás, o próprio mundo subterrâneo, sendo como tal não teria nem luz e isso se releva. Mas o mais engraçado é que ao passo que temos grandes difusões com o céu completamente limpo, temos ilusões, isso mesmo, ilusões como a de Alice, dessas que deixam qualquer acido ligérsico sob a sola do pé e não debaixo da língua.
E por falar em língua me lembrei da linguagem. Alguém conseguiu enxergá-la? E falando dela, me recordei da narrativa. Narrativa? Onde está o cinema? A tecnologia muitas vezes torna a obra banal, acrescenta altas doses de massa física e ao mesmo modo, retira toda a narrativa. A adaptação tinha tudo para ser perfeita. O roteiro mescla idéias do velho Tim com a estória original e até ai tudo bem. Não sei se as crianças vão adorar o filme. Talvez, quem sabe um dia. Tão inocentes.
Uma certa feita alguém me falou que a vida era feita de viagens, o que de fato justifica toda essa viagem corriqueira e enlouquecida ao extremo do óbvio. Mas tive também minhas alegrias, dei um pouco de risada. Ora elas eram reais, ora viajadas que nem o chapeleiro maluco, interpretado pelo Deep, que também está longe da performance já observada.
Mas e a Alice, cadê ela? Tomou doril. A dona da lua, a insana garota de 19 anos não fez por merecer e atuou como se atuam na maioria das publicidades institucionais, sem brilho e sem sorte. O espetáculo visual é ligeiramente sincero e perspicaz, porem infinitamente mecânico.
A obra é fruto de sucesso graças ao departamento de marketing, a tecnologia 3D e a boa distribuição. Jamais por sua narrativa. Como não paguei o cinema, me dei por satisfeito. As opiniões sobre o longa se divergem e o meu recado está dado. Sou um pobre mortal, ao contrario da Alice literária e do imaginário popular. Ela é ótima para estudantes de moda, estilistas, futuros diretores de arte e cenógrafos, mas pra quem gosta de cinema, nunca. Meu amigo Burton, da próxima vez, retorne com aquele besouro-suco de existe dentro de você.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Parabens em primeiro lugar, não se vê muitos blogs como o seu na net. Gostei também da sua forma de esccrever as críticas, muito humoradas ao mesmo tempo com bom grau de erudição cinematográfica. Porém, acho que sua análise sobre Alice tenham sido um pouco exageradas, mas todo achei muito legal.
ResponderExcluirBoa sorte.
Se puder dê uma passadinha no meu.